MODA & GAMES: Como essa união atua na vida real?

“As pessoas estão nos games, então a moda também está.”

– Paulo Borges (Diretor da SPFW)

Primeiramente, eu te digo que a moda carrega um papel muito importante de identificar a sociedade através da economia e da cultura de cada lugar. Ela é responsável por caracterizar o visual de cada pessoa – seja pelos símbolos ou pelas mensagens que representam a criação de uma personalidade.

Já no universo dos games, a moda transmite uma mensagem visual a partir da criação dos figurinos e dos atributos dos personagens. Desse jeito, o jogador também consegue identificar a relevância e a identidade de seu personagem através das cores, modelos e símbolos disponíveis (exatamente como acontece na moda física!).

A união das grandes marcas de moda com os games

As skins (que são usadas para customizar os avatares com roupas e acessórios que podem, ou não, ter funcionalidades) fazem o maior sucesso entre jogares e fashionistas. São elas que definem o estilo e a personalidade em relação ao nível do personagem do jogo.

De acordo com os dados levantados pelo Jornal Datafolha (2018), 44% dos gamers jogam diariamente, 93% assistem com frequência a videos de jogos virtuais, 73% jogam em consoles, 67% em computadores e 56% em tablets ou celulares.

É notório, quanto mais o tempo passa, mais o consumo de jogos cresce e mais a indústria da moda vai buscando se adaptar à esses meios. É o caso, por exemplo, das grifes Louis Vuitton e Gucci que investiram na nova tendência das roupas virtuais.

Com a pandemia da COVID-19, muitas marcas passaram a inovar suas criações com base nos games. Outro exemplo dessa adaptação aconteceu em 2020 quando o jogo Animal Crossing disponibilizou as grifes Valentino e Marc Jacobs pros seus jogadores.

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Louis Vuitton x LoL

Em 2019, foi a vez da marca de luxo Louis Vuitton anunciar sua colaboração com o game LoL (League of Legends). Mas, antes disso, a casa de luxo francesa já havia desenvolvido alguns visuais pra personagem Qiyana.

MODA & GAMES
Qiyana & Nicolas Ghesquière – Foto: Divulgação / Louis Vuitton

Com 47 roupas e acessórios, no dia 10 de dezembro de 2019, essa união chegou também ao mundo real. A coleção-cápsula foi criada pelo diretor artístico de coleções femininas da Louis Vuitton, o Nicolas Ghesquière. Confira:

  • MODA & GAMES: Louis Vuitton & LoL
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  • MODA & GAMES: Louis Vuitton & LoL
  • MODA & GAMES: Louis Vuitton & LoL
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Moschino x The Sims

O ano de 2019 trouxe também a união do game The Sims com a grife italiana Moschino.

A expansão do jogo levou o nome de The Sims ™ 4 Moschino Coleção de Objetos e conta com a oportunidade de poder vestir os personagens com visuais da marca.

Além disso, achei genial a profissão de Fotógrafo de Moda Autônomo ter entrado como uma opção de trabalho no game.

GIF: Divulgação / Moschino & The sims

No dia 2 de dezembro de 2021, a Eletronic Arts e a Maxis anunciaram o lançamento de The Sims ™ 4 Moda Masculina Moderna – Criado em parceria com o Conselho Britânico de Moda juntamente com o designer londrino Stean Cooke e seu parceiro Jake Burt.

Imagem: Reprodução / The Sims ™ 4 Moda Masculina Moderna

Balenciaga x Fortnite

Enquanto isso, a parceria entre Balenciaga e Fortnite, que aconteceu no dia 20 de novembro de 2021, contou com novas skins e com uma coleção física inspirada na 8ª temporada do game.

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Imagem: Reprodução / Epic Games / Balenciaga & Fortnite

A parceria, que teve uma grande influência do estilo Swag com algumas pitadas dos anos 2000, garantiu um visual super jovem, estiloso e atual.

Mas, a melhor parte dessa collab foi a possibilidade de poder comprar os “looks” fora do jogo também, no caso, diretamente das lojas físicas da Balenciaga.

MODA & GAMES
Imagem: Reprodução / Balenciaga & Fortnite

O casamento entre Balenciaga e Fortnite resultou numa característica muito marcante da grife espanhola: o uso da logomania. Aliás, eu achei sensacional a picareta com formato de tênis.

MODA & GAMES
Imagem: Reprodução / Balenciaga & Fortnite
MODA & GAMES
GIF: Divulgação / Balenciaga & Fortnite
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No embalo da moda dos games durante a pandemia… A grife Balenciaga ainda lançou um desfile virtual inspirado no universo dos jogos. Ela criou um game especialmente para que seus convidados pudessem sentir a experiência do desfile diretamente de suas casas.

O projeto foi criado por uma equipe com mais de 100 pessoas e executado pela empresa Unreal Engine da Epic Games – Eles renderizaram todos os modelos, todas as peças, movimentos e cenário para criar um universo completamente digital.

Sendo assim, a grife enviou exclusivamente pros seus convidados uma caixa preta com todas as instruções e equipamentos necessários para uma experiência completa.

Achei F0D4 demais!

MODA & GAMES: Desfile virtual da Balenciaga
Desfile virtual da Balenciaga – Imagem: Reprodução / Balenciaga
MODA & GAMES: Como essa união atua na vida real?
Imagem: Reprodução / Jogo da grife Balenciaga
Logo em seguida, a Balenciaga liberou o game pro publico, onde qualquer pessoa pode jogar através desse link: https://videogame.balenciaga.com/en/ 
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Entretanto, não dá pra esquecer um dos maiores fenômenos que a moda brasileira pôde proporcionar nos últimos tempos:

O momento em que a moda dos games entrou nas passarelas da São Paulo Fashion Week

Com looks inspirados no game Free Fire, a abertura da Semana de Moda de São Paulo aconteceu no dia 19 de novembro de 2021 e foi transmitida pelas redes sociais da SPFW.

MODA & GAMES – Foto: Reprodução / SPFW, Santander & Garena (Free Fire)
Foto: Reprodução / SPFW, Santander & Garena (Free Fire)

“A moda busca a inovação, ela se arrisca e quer encontrar a narrativa da época, ela vai onde as pessoas estão. Se elas estão nos games, então a moda vai estar lá também.” – disse Paulo Borges (diretor criativo da SPFW) à uma entrevista para o Game On do jogo Free Fire.

MODA & GAMES – Foto: Reprodução / SPFW, Santander & Garena (Free Fire)
Foto: Reprodução / SPFW, Santander & Garena (Free Fire)

Paulo Borges diz que o metaverso é uma grande mistura do mundo real com o virtual, skins, avatares, marcas e consumidores. Mas, para ele, essa transição já vinha acontecendo há um certo tempo com a popularidade das redes sociais e a entrada da pandemia.

Foto: Reprodução / SPFW, Santander & Garena (Free Fire)

“É uma transformação dos negócios. A pandemia acelerou isso, mas, desde que as redes tomaram conta do mundo, uma cadeia de 50, 60 anos atrás foi interrompida e tudo ficou mais rápido, o sistema mudou.” – Disse o idealizador do evento que observa essas mudanças de forma bastante positiva.

Afinal, não foi por acaso que o desfile se tornou um marco histórico no mundo da moda e dos games!

MODA & GAMES: Isabeli Fontana veste skin de Free Fire – Foto: Agência Fotosite
MODA & GAMES: Isabeli Fontana veste skin de Free Fire – Foto: Reprodução / Agência Fotosite

A moda no universo dos games funciona como vitrine virtual para movimentar o mercado físico

Assim como funciona a logística da moda na vida real, inserir novas tendências aos jogos é uma forma de deixá-los cada vez mais $ atrativos $ (mesmo que de forma “despretenciosa”).

Não dá pra negar que alguns jogos causam a mesma sensação de desejar comprar algo que foi visto numa vitrine. Seja o desejo de comprar algo semelhante ao que foi visto num jogo ou simplesmente o desejo de personalizar um avatar.

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Eu, por exemplo, já viajei diversas vezes nas skins do Free Fire enquanto jogava. Com isso, pude perceber que a chance de possuir algo novo, mesmo que não fosse físico, estava ali sendo convidativa.

É dessa forma que a maioria dos jogos convencem o usuário a se manter cada dia mais dedicado (e mais conectado, rs). Logo, usar determinados “produtos” numa partida de game, pode dar ao jogador a mesma sensação de estar usando algo “valioso” na vida real.

Ainda mais entre os jogos que disponibilizam a compra de skins em forma de roupas de grifes. Nesse caso, a união da moda com os games é usada para atrair novos públicos enquanto consolida ainda mais a imagem das marcas na cabeça de quem já conhece.

É uma forma de dar aos jogares uma perspectiva do que as marcas são. Mas, vale lembrar que essas estratégias são praticadas geralmente de forma mais discreta para manipular as vontades dos gammers sem que eles percebam que estão sendo expostos à uma ferramenta de marketing.

Doidera, né? Mas…

Segundo a Revista Forbes, em 2022 o mercado dos games ultrapassará US$ 200 bilhões até 2023

“A receita da indústria foi de US$ 175,8 bilhões em 2021, ligeira queda em relação a 2020, mas, nada que afete previsões. O mercado de jogos continuará crescendo nos próximos anos, ultrapassando a marca de US$ 200 bilhões ao final de 2023 com a média estimada de alta de 7,2% entre os anos de 2019 e 2023 para US$ 204,6 bilhões. Os jogos para celular serão o segmento de crescimento mais rápido nos próximos anos.”

Leia mais em: https://forbes.com.br/forbes-tech/2022/01/com-2022-decisivo-mercado-de-games-ultrapassara-us-200-bi-ate-2023/  

Uma pesquisa feita em 2019 aponta que os jogos de Free To PLay (F2P) rendem uma média de U$ 120 bilhões (em torno de R$ 686 bilhões) ao mercado dos games. Em 2018, mais de 50% da renda do jogo Fortnite foi por conta da venda de skins.

O poder das skins é tão grande que rolam até negociações para comprar algumas que são vistas da mesma forma que um item raro na vida real. Sério, alguns itens de jogos valem furtunas!

Por isso, o crescimento dos games influencia a moda de formas tão inimagináveis. Só pra você ter uma noção: Tem skin que já foi vendida por mais de R$ 345 mil.

Deu pra sentir o poder que a moda tem dentro dos games?


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