Não é de agora que o rock influencia não somente o comportamento, como também o estilo das pessoas que gostam do gênero musical. Antes mesmo das tendências se espalharem em massa, bandas como The Beatles, Rolling Stones e Queen já inspiravam o visual dos fãs. O mesmo acontece com o indie rock. Peças características na produção dos artistas são elementos presentes nas combinações e grupos musicais como o The Killers.

Estilo nos anos 2000
Fato é que o estilo nas últimas duas décadas mudou — e muito. Na virada do milênio, a essência dos anos 1990 ainda pautou a moda por um bom tempo. Nesse cenário de transição, alguns “ingredientes” que compuseram o visual de grandes bandas indie continuaram a influenciar as novas gerações.
Foi ao longo dos anos, quando diferentes artistas começaram a entrar em cena, que a estética do rock alternativo foi lapidada. O clássico foi mantido, mas ganhou mais componentes para somar as composições. Bandas como The Killers, Arctic Monkeys e Franz Ferdinand definiram a nova face do indie.

Saídas diretamente das garagens de casa dos pais ou de apresentações do ensino médio, grande parte dos grupos musicais que dominaram os anos 2000 surgiram de maneiras despretensiosas, e marcaram uma onda crescente de bandas nascidas em berço britânico. A lista, nesse caso, é significativa.
De acordo com a faixa etária dos integrantes que participavam de tais grupos, a vestimenta era igualmente jovem e descontraída. O DNA roqueiro estava nos penteados bagunçados, mas a juventude transparecia no restante da roupa: tênis Converse, camisas flaneladas, jeans estonados, jaquetas de couro e camisetas de bandas renomadas marcaram o visual da época.



Visual com personalidade
A fim de se destacar na concorrida seara, os artistas foram refinando o visual tanto nos clipes quanto nos palcos. Foi o que aconteceu com o The Killers, banda que se apresenta hoje em Brasília 14 de novembro (ingressos aqui). Formado em 2001, o grupo de indie rock norte-americano é composto por Brandon Flowers (vocal), Dave Keuning (guitarra), Ronnie Vannucci (bateria) e Mark Stoermer (baixo).
No início da trajetória, antes dos sucessos Mr. Brightside, Somebody Told Me e Human se tornarem verdadeiros hinos da geração millennial, os jovens integrantes eram adeptos do dress code básico: camiseta, calça jeans e tênis. Com o decorrer dos anos, a aparência juvenil deu lugar a um toque de formalidade, traduzida em blazers, coletes e gravatas coordenadas de maneira despojada.
Na era do designer Hedi Slimane à frente da Dior Homme, que foi o responsável por introduzir a silhueta skinny na moda masculina, o vocalista Brandon Flowers tornou os ternos slim a sua assinatura. “Hedi foi ótimo e fez tantas coisas por mim”, contou o cantor em entrevista à Men’sHealth.
Mesmo depois que Slimane assumiu a direção criativa da Saint Laurent, Flowers permaneceu fiel às criações do estilista. “É bastante aparente que ele é o melhor nisso. Ele captura coisas clássicas e faz com que pareça novo”, elogiou à época.



Nova fase, nova estética
De maneira similar, pode-se destacar os britânicos do Arctic Monkeys. Com o álbum AM, lançado em 2013, a banda colocou o indie no topo das paradas. Com a pegada mais pop do álbum, veio também uma mudança no visual do frontman, Alex Turner.
No mesmo caminho que Flowers, Turner substituiu as camisetas polo e blusas de manga longa por ternos bem cortados, camisas com botões abertos até o peito, botas pretas e o clássico óculos de sol da Rayban modelo wayfarer, item que sempre arremata as combinações usadas. O visual não ficou restrito unicamente ao cantor, mas toda a banda também investiu em peças que imprimem a fase madura, renovada e consolidada que vivem.
Nos palcos, o vocalista assumiu o personagem de bad boy elegante, que lembra uma estética à la Elvis Presley. Tal aparência é reforçada nos dias atuais e pode ser vista no clipe There’d Better Be A Mirrorball, single do disco The Car, apresentado ao público em outubro. No primeiro final de semana de novembro, a banda foi a grande atração do festival Primavera Sound, que aconteceu em São Paulo.



Identidade nos palcos
Atualmente em turnê, o The Killers tem compartilhado os cliques dos shows na página do Instagram. Nas fotos divulgadas, é perceptível que o estilo iniciado anos atrás amadureceu, mas sem deixar a essência de lado. O guitarrista Dave Keuning, por exemplo, costuma coordenar camisas sociais desabotoadas ou t-shirts estonadas com blazers sóbrios.
Como de costume, Brandon Flowers tem apostado em conjuntos de alfaiataria com estampas discretas, listras ou tecidos acetinados. As peças são produzidas por Ray Brown, que também veste as bandas Arctic Monkeys, Muse e The Struts.
O mesmo capricho se entende aos looks do dia a dia. Em entrevista à revista Esquire, no início de 2021, Brandon Flowers abriu o coração sobre a relação com a moda. “Eu realmente não me sinto motivado se eu não me vestir. Então, calças de moletom e pijamas nunca foram usados [durante a pandemia]. É quase como se fosse uma parte da minha personalidade ou algo assim”, refletiu.
Quando questionado sobre a peça preferida, Flowers não hesitou: um bom par de calça Levi’s. “É engraçado, mas você começa a imitar, goste ou não, o seu pai, e eu me vejo ‘escorregando’ em alguns dos hábitos dele. Meu pai sempre usava Levi’s, e ele sempre usava uma camiseta […]. Eu sou fiel a um bom par de calça Levi’s e uma camiseta com bolso. Eu me sinto tão bem nisso quanto em qualquer coisa”, contou.



CRÉDITOS:
Metropóles / Ilca Maria Estevão / Marcella Freitas
Assim. Pois. Mas. Entretanto.