Modelos indígenas levam representatividade às passarelas do SPFW

Conheça Noah Alef (22), Dandara Queiroz (25) e Emilly Nunes (24) – os modelos indígenas que se destacaram no São Paulo Fashion Week.

Em entrevista recente, eles (que são agenciados pela WAY Model) conversaram sobre a representatividade e a sensação de subir a passarela. Acompanhe:

Noah Alef

Natural de Jequié (BA), Noah tem origem Pataxó e Kariri-Sapuyá. Recentemente extrapolou as fronteiras da beleza indígena ao desfilar para as marcas Dsquared2 e Emporio Armani, em Milão, na Itália.

Foram trabalhos muito importantes para que as pessoas aprendam a valorizar a beleza e a cultura indígenas, a beleza originária do nosso país” – declara.

“Eu sempre assisti a muitos desfiles, então o SPFW sempre foi um sonho para mim, e um dos meus sonhos era ser recordista. Vou ficar muito feliz se eu for, porque para nós, povos indígenas, é muito importante ter representatividade em cada área. Então, eu como primeiro homem indígena a ser recordista nesse grande evento, eu fico muito feliz. E que outras pessoas possam se espelhar em mim. Eu não tinha pessoas para me inspirar, então fico muito feliz com isso.” – Relatou Noah Alef.

Aliás, ele já participou de desfiles de grandes grifes como Prada, Louis Vuitton, Gucci e Versace.

Dandara Queiroz

Nascida em Araçatuba (SP) e descendente de Tupis, Dandara cresceu em Três Lagoas (MS) e está trabalhando há dois anos como modelo. Formada em arquitetura e urbanismo, atualmente ela realiza ações em prol da preservação do meio ambiente. Além disso, é muito envolvida com a arte no geral – encena, faz pinturas indígenas, poemas e composições.

“Fui uma criança que ninguém acreditava no meu potencial. Diziam que eu não tinha perfil para ser modelo e até me aconselhavam a procurar algo que ‘combinasse’ comigo. Estar no São Paulo Fashion Week é muito especial. É um evento em que a gente se sente modelo, é um momento muito de coração. Você entra na passarela e sente muita energia e sentimentos bons, e isso nunca muda. Por mais que você faça dez, vinte, trinta desfiles, desfilar numa passarela do SPFW é a verdadeira sensação e emoção de ser modelo.” – revela Dandara Queiroz.

“É mais por uma questão de todas as pessoas que eu posso representar aqui. Eu vejo crianças que sonham em ter essa profissão ou homens, mulheres que não veem ninguém parecido com eles no mercado, em uma campanha, em um desfile. Então, é uma responsabilidade grande, mas também uma honra, um prazer, uma gratidão enorme de poder ser essa pessoa.”

Emilly Nunes

Descendente de indígenas da comunidade Aruans de Belém do Pará, Emilly também é uma das grandes apostas do mercado brasileiro de modelos e conta que esse sempre foi seu sonho.

“Eu sempre sonhei em ser modelo, mas isso era bem distante da minha realidade, porque eu morava em Belém do Pará, e lá a gente não tinha tantas oportunidades. Eu já estava desacreditada que a minha carreira daria certo quando aconteceu um evento na minha cidade em que eu fui apresentada à minha agência atual.”

“Estar na passarela do SPFW sendo uma mulher indígena representa muito. Eu sinto que trago comigo a força de todas as pessoas que estão lá em casa, na aldeia, e sonham em estar aqui. E dar visibilidade também para que mais portas se abram pra gente. Não desistir é o mais importante. A carreira de modelo não é nada fácil e pode parecer que não vai dar certo. Acredite em Deus e tenha a sua família por perto. Eu quero abrir portas para as meninas de casa, para que elas estejam aqui também.” – relata Emilly Nunes.

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