Atualmente com 11 anos, Noella McMaher chamou atenção aos 10 anos ao se tornar a modelo trans mais jovem na Semana de Moda de Nova York do ano passado.
Na época, mais precisamente em fevereiro de 2022, a garotinha estreou nas mais cobiçadas passarelas da cidade pela marca Trans Clothing Company. Agora, ela vai participar do evento pela terceira vez.
Em entrevista recente, Noella e seus pais (Dee e Ray McMaher – que se identificam como pessoas não-binárias) falam à respeito da importância da filha como ativista e criança trans dentro da indústria da moda.
Segundo eles, a pequena sempre gostou de moda e realizou seu primeiro desfile com apenas 7 anos. Além disso, ela já é reconhecida como uma criança ativista da comunidade LGBTQIA+.
“Um de seus momentos favoritos foi quando ela foi nomeada a ativista transgênero mais jovem do estado de Illinois aos 7 anos e ficou ao lado do governador J.B. Pritzker enquanto ele assinava um projeto de lei de afirmação trans para estudantes transgêneros como ela”, lembra Dee McMaher.
“Ela também conseguiu trazer visibilidade para a juventude trans na edição de estreia da revista MiniV como um divisor de águas para a moda. Para completar, vai ser oradora principal em uma conferência educacional para jovens trans, o HiTops Trans Youth Forum, em New Jersey.”
Em setembro do ano passado, prestes a desfilar na Semana de Moda de Paris, soltou um comunicado nas redes sociais.
“Infelizmente, nossa família tem sido alvo de linguagem transfóbica da designer e proprietária da IsKream Kultur, Crystal Watts. Por conta disso, tomei a decisão de não participar do desfile produzido pela HiTech Moda durante a semana de moda de Paris na sexta-feira, 30 de setembro de 2022. Eu nunca vou desfilar para um designer que não valorize a mim, minha família ou minha comunidade. […] Pessoas trans não estão aqui para serem exploradas por influência social, usadas ou maltratadas. Eu apoio todas as crianças e adultos transgêneros que têm o direito de serem vistos e abraçados por quem são em todas as áreas de suas vidas. Isso nunca vai me impedir de continuar lutando pela visibilidade de crianças trans como eu.”
“Não importa quem você seja, ser julgado é sempre difícil”, afirma Dee McMaher à CH. “Ela tem aceitado cada desafio com um forte senso de quem ela é. Infelizmente, ela teve que lidar com tablóides e mídia anti-trans, mas fizemos o possível para protegê-la de qualquer mídia negativa. Parte do seu amor por ser modelo tem a ver com trazer visibilidade para crianças como ela. Ela sabe que ser uma modelo e criança transgênero pública e assumida é muito importante. Sempre foi sua escolha continuar sua jornada na moda e ela sempre está ansiosa para voltar à passarela e continuar fazendo o que ama.”
Por isso, pela falta de visibilidade nesse segmento, a presença de uma figura trans deve ocupar lugares no universo da moda desde cedo.
“É muito importante que cada pessoa possa vir alguém que a represente na mídia e na moda. Noella é poderosa e destemida e sempre foi importante para ela mostrar ao mundo e a outras crianças trans que elas têm um lugar para serem vistas e validadas. Andar nas passarelas e poder mostrar ao mundo que as crianças transgêneros devem ser vistas e celebradas, e Noella quer que todos saibam que existe um lugar para elas, independente da sua identidade”, completa Dee.
Então, a mensagem que a modelo trans ativista de 11 anos quer passar para quem tem vontade de seguir a carreira de modelo é que existe um lugar para crianças como ela.
“Moda é sobre abraçar quem você é e mostrar isso através das roupas que você usa e dos estilistas com os quais você trabalha. Nós somos bem seletivos quanto a com quem Noella trabalha, porque queremos conhecer os valores e saber que eles [os designers] realmente aceitam quem ela é. Ao entrar nessa indústria, faça a sua pesquisa sobre os designers, você não precisa aceitar toda oportunidade. Lembre-se de que moda é sobre se divertir e se sentir validado em como você quer que o mundo te veja.”
Noella ainda irá ocupar muitos lugares e explorar diversas possibilidades ao longo da sua vida.
“Ela tem um senso muito forte de justiça social e quer continuar a ser uma defensora dos direitos de crianças e adultos transgêneros. Ela também ama ciência, especialmente física. Em seu mundo dos sonhos como adulta, ela seria uma modelo de passarela da alta moda, ativista e cientista física. Estamos ansiosos para vê-la alcançar seus sonhos e continuar a crescer como a incrível jovem mulher que ela é.”
Pois. Mas. Entretanto. Todavia. Porque.
CRÉDITOS
Capricho