Letícia Colin desabafa sobre sua luta contra a depressão: “esqueço de cuidar e volta tudo”

A atriz Letícia Colin, que luta contra a depressão há alguns anos, revelou em entrevista recente à Marie Claire, que sofreu bastante com a melancolia do pós-parto do filho Uri, mas entendeu que “está tudo bem” pedir ajuda aos familiares e médicos.

Mais precisamente, ela luta contra a doença desde 2013, quando teve seu primeiro episódio de melancolia. Desde então, a atriz aprendeu a controlar os sintomas com medicamentos, sessões de terapia e com a ajuda de familiares e médicos. “Alguns momentos me sinto muito bem, aí esqueço de cuidar e volta tudo.”

“Hoje entendo que, no primeiro ano da maternidade, estava deprimida”, confessa. Ela ainda diz que sua personagem (a Amanda, de Onde Está Meu Coração? – seriado da TV Globo) a ensinou que suas recaídas fazem parte. “Não é um erro do processo de transformação.”

Aliás, Amanda é uma médica residente dependente química. Por isso, ao ser questionada sobre a dramaticidade de sua personagem e do enredo, Letícia Colin surpreendeu ao revelar que é tão densa quanta a personagem.

“Aparentemente sou leve, expansiva, doce. Mas, na verdade, sou bem densa. E cada vez mais estou entrando em contato com isso. Estou me permitindo conhecer as zonas da floresta, onde tudo fica mais assustador. Tenho ido cada vez mais fundo. De algum lugar também me sinto à vontade em contato com esse nível de tragicidade da vida e desta questão social tão profunda.”

Depressão

“Faz tempo que ela não aparece. Entendo hoje que, no primeiro ano da maternidade, eu estava deprimida. Tive uma depressão pós-parto. Mas estou num momento melhor, controlado. Alguns momentos me sinto muito bem, aí esqueço de cuidar e ela volta. Tenho uma melancolia, tristeza. Acho que é eternamente uma vigilância. As pessoas que estão do nosso lado e que gostam da gente também já ficam mais ligadas para evitar cair nesses abismos. Mas se cair, como tantas vezes eu já caí, sempre tem um médico maravilhoso que pode ajudar, terapia… Aliás, isso foi uma coisa que a Amanda sacramentou para mim. A recaída é parte, ela não é um erro do processo de transformação. E entender que pedir ajuda está tudo bem.”

Preparação para viver uma dependente química

“Aparentemente sou leve, expansiva, doce. Mas, na verdade, sou bem densa. E cada vez mais estou entrando em contato com isso. Estou com 33 anos, mãe do Uri, de 3. Estou me permitindo conhecer as zonas da floresta, onde tudo fica mais assustador. Tenho ido cada vez mais fundo. De algum lugar também me sinto à vontade em contato com esse nível de tragicidade da vida e desta questão social tão profunda. Essa dor não me assusta. É claro que eu sofro junto, mas não é algo que eu queira fugir. Eu queria estar ali mesmo, ouvindo aqueles relatos daquelas pessoas (dependentes químicos), queria que esse sofrimento fosse representado de uma maneira digna e que nos ajudasse a caminhar para um lugar diferente.”

Política de drogas

“A gente precisa avançar nesse debate de política de drogas. A gente precisa olhar para isso como uma questão de saúde, de um jeito mais maduro. Como se a pobreza, a fome, desemprego, não tivesse a ver com isso. Claro que tem. Os usuários de craque aumentaram muito de quatro anos para cá. Período de pandemia, desgoverno e um projeto tenebroso de abandono da população e dos mais pobres. De um genocídio. Era óbvio que com esse cara no governo, os números de desemprego de família ia aumentar e, consequentemente, de dependência química. É sobre essa diminuição do sofrimento e da dor. Então, está totalmente ligada a esse projeto de invisibilização dos indivíduos mais pobres. É um abraço que a droga te dá, que o Estado não te dá.”

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